sábado, 17 de julho de 2010

Rostos

Perscruto em cada rosto
O olhar infinito
Da criança que adoro
Da pessoa que imagino

Observo a direcção do olhar
Quero tão só adivinhar
O que vai no pensamento.

Prendo nesse gesto
A profundidade de um ser
Que procura um querer.

Eu quero, ele quer
A cumplicidade de tal jeito
Que basta apenas o rosto
Fixo no meu,
E tudo fica perfeito.

De repente, apenas o sorriso
Basta nesse momento.
As mãos entrelaçam
Dedos fugidios,
Presos agora
Num encantamento.

Os rostos são a cara
De momentos e partilha
E puro entendimento!

-Olha o meu rosto!
-Não desvies o olhar!
Frases imperativas
Na gramática da minha vida.
OF 08-07-2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Manhã tardia

Gosto das pessoas, alocadas em lugares. São sempre diferentes. Prestar atenção a umas e outros, sentir algum pulsar e impulso para escrever, são apenas vontades que surgem, assim, num sopro. Tomar um café, numa esplanada e rabiscar num guardanapo, registar as palavras que apetece, é coisa quase pictoral...
Eis o resultado: Momentos e Manhã tardia, também publicados na minha página e no grupo Gritos Verticais do Face...

O sono prendia.
Desperto, por imagens,
fixas na retina.

Acorda,
não acorda!
Que ousadia
ficar ali, presa,
não desligar
a telefonia.

E sair
beijando
a manhã tardia.
Enquanto é dia
de viver
o sonho!
Agora, bem
Acordada!

OF 12-07-10, segunda-feira,12:10

Momentos

Rua...
Movimento acelerado,
sem pressa nenhuma.
O tempo,
corre devagar.
Há tempo
de chegar.

Olhos verdes,
frondosos,
e suavemente ondulantes
pela brisa da manhã,
espreitam, gulosos
a pressa de chegar.
Que ciúme
não poder andar!

OF 12-07-10, segunda-feira,12:00

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Violentos...Quem?

Violentos são os espaços
Encalhados por qualquer via.
Desencontram-se os passos
Divergindo por rebeldia.

Violentos são os gestos
Que fazemos cada dia.
O sorriso cede lugar
A esgares adocicados
Nos encontros apressados.

Violentos são os tempos
Que espreitamos a medo.
Vociferamos em surdina
Sufocando sentimentos
Que deveríamos soltar.

Violentas são as imagens
Que vemos sem olhar.
Mais tarde estão presentes,
Quando se deviam ignorar.

Violentas são as palavras
Que soltamos sem pensar.
Mais tarde estão ausentes,
Quando se deviam pronunciar.

Agendam-se debates.
Convidam-se especialistas.
Enumeram-se medidas
Avulsas, porque não sentidas.

Os violentos, invisíveis,
Apropriam-se, como donos,
Dos espaços
Dos gestos
Dos tempos
Das imagens
Das palavras.

Os inocentes, visíveis,
Transformam-se em mutantes
Aguardam, pacientes,
Que os debates e as medidas
Lhes devolvam as suas VIDAS
Acordando, em silêncio,
Da sua longa letargia.
OF 21-03-2010 17:00 – Domingo

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Estado de alma

Terminei ontem uma "empreitada", espera-me outra, mas este espaço não pode estar sem alimento tanto tempo...
Aderi a grupos ligados à poesia... Surpreendente o que as palavras engendram, como se misturam, como criam espaços imagéticos fantásticos! Ansiosa por poder ler o que muita gente escreve...Desejosa de escrever muito mais...
Para inaugurar um espaço a que aderi, escrevi apenas isto..

Poderia não estar aqui
Outro sítio seria possível
Sentiria o que senti?
Talvez sim.
O lugar é apenas cenário
De alma sensível.
O momento
A circunstância
O pensamento
A errância
Tanto se perdem
Como se encontram
Num labirinto
De quereres.
Tanta ânsia
Faz doer!

OF 07-07-10 11:50