terça-feira, 9 de agosto de 2011

Pode-se amar com silêncios?

            - Pode-se amar em silêncio?
- Pode.
- Pode-se amar com silêncios?.
- Não, não pode…
            É esse o drama. Na primeira pergunta pode estar contido o amor unilateral, o amor platónico, idealizado como era cantado pelos trovadores. Sonha-se é-se quase feliz…
Na segunda, está (ou estará) uma relação bilateral, um todo, mas uma das partes fica só com um amor de indiferenças, de silêncios.
É sofredor, é desmoronamento.é vazio, é desespero. É perda…É luto. E cada qual vive este luto de maneira diferente. Depende da sua estrutura psicológica e de apoios de retaguarda.
            Ultrapassá-lo, passar a uma fase seguinte só quando se (re)ganhar a essência do seu eu. E com doses elevadíssimas de auto-estima. E sim, com novos amores, sobretudo o maior: o amor-próprio, o amor pela vida. E esta tem tanto para dar. Pode ser um cliché, mas viajar para fora de nós e viajar efectivamente é uma possibilidade. É que viajar é descobrir e só se descobre verdadeiramente no contacto com o real, mesmo que se tenha que apalpar as flores de um qualquer jardim público ou acariciar um rosto que nos inspira tanta ternura…

Odete Ferreira 30-07-2011

8 comentários:

  1. Estamos, uma vez mais, de acordo, Odete....

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  2. Olá, Carlos: um texto transversal a várias situações...
    Obg pela visita :)

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  3. Transversal, de facto.
    Quem me dera poder estar num patamar assim...tão lúcido.
    Mexeu comigo este texto.
    bji, querida.

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  4. Tao bem descrito..esta amalgama de sentires..é certamente o amor proprio,o amor à vida que nos salva,mas também a força de olhar em frente e para dentro de nós!!!
    Amores novos muitas vezes nao pre(enchem) o perdido,seja qual for o amor ...a alma,o coraçao e até o corpo necessitam ,espaço-tempo..esse luto quase sempre é de prescriçao médica..
    Amei minha querida!!!beijo

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  5. "- Pode-se amar com silêncios?.
    - Não, não pode…"

    Há silêncios de mil palavras e outros de coisa nenhuma.
    Há silêncios que doem demais!
    Há palavras que têm que ser oferecidas, ditas!
    Xi <3 Odete.

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  6. Nina: bem sei e também sabes que nem sempre posto na altura em que escrevo os textos...
    Esse patamar a que aludes vem sobretudo de uma aprendizagem no terreno da vida (Penso, logo existo, uma teoria de uma escola filosófica, no entanto há outras vertentes.).
    E já reparaste, como tudo pode mudar em escassos minutos?
    Bjuzz de luz, linda :)

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  7. Obg por teres gostado, Inês...
    De facto, ninguém substitui ninguém, sobretudo quando esse alguém nos "desintegra", em dado momento.
    A referência ao "viajar para fora de nós" tem o sentido que acrescentaste, seguir em frente, mas antes houve demasiadas viagens "dentro de nós", muito recalcamento, no sentido de matutar...
    Finalizo, felicitando-te uma vez mais, pela tua visão profunda da vida...
    Bjuzz, minha amiga :)

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  8. Amiga Teresa: os silêncios de mil palavras, não são silêncios porque está lá o olhar...
    Estes silêncios de que falo, são, objectivamente, SILÊNCIOS, premeditados ou não. Mas como saber se não nos é dito???
    Obg pela tua presença e olhar doce...
    Bjuzz :)

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