sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A beleza que não via...

Como não dei por ela antes? De certeza que há muito me cumprimentava quando saía, apressadamente, para o local de trabalho. Hoje, reparei nela. Mostrava o seu choro, aprisionando algumas gotinhas de chuva. Apressei-me, perpetuei-a em imagem. De certeza que fiquei perdoada. Odete Ferreira, esta tarde, alma de cor vestida, contrastando com o cinzento do dia..

(...) 

(Costumo dar conta das atividades literárias em que participo. No entanto, não me foi possível escrever no tempo certo, coincidindo com atividades prementes na escola. Cada uma delas me trouxe um aporte de enriquecimento pessoal e a oportunidade de falar com as pessoas reais que estão por detrás dos escritos, aquando da presença em lançamento de livros. Em outras, de caráter mais tertuliano, como Poetry Slam (em Tertúlia Castelense) e Porto Poesia (em Orfeão do Porto), foram as partilhas poéticas e as encantadoras conversas entre o leque de amig@s que, de virtuais, passam a ser reais. E risos, muitos risos! )

(Link para a minha página no FB onde divulgo algumas fotos elucidativas)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A hora marcada


Uma nesga de parede
preta e branca.
Um relógio avantajado
branco e preto
bem visível.
A hora marcada.
Insignificante
no infinito do tempo.
Poderosa no movimento
do ponteiro
do relógio da vida.
Acelera, desacelera.
Ativa, desativa
desvia o carril
o rumo do acontecimento.
Simples marioneta
pujante ou ridícula.
Apanhado em redil
o corpo robotizado
a mente programada
no laboratório experiencial
da crise existencial
que perpassa pelo mundo
onde se esvai o tempo,
imperecível, por sinal…

Tic, tac…
Som onomatopaico
Eis o real no paradoxal
e no verso prosaico.

OF 20-08-12
Foto – Autor desconhecido

domingo, 13 de janeiro de 2013

Sigam-me! Talvez em itinerário...


Estão a ver? Uma nave central com semelhanças a naves espaciais de filmes ou séries de ficção científica, ou , descendo mais à terra, uma nave daquelas que estão coladas na retina, que se postam em lugares estapafúrdios para criar um centro de exposições?
Pois se já estão no meu imaginário, sigam-me até ao interior. Uma piscina coberta. Espaço de cheiros característicos. Não aquele que se infiltra quando um rio nos oferece em múltiplos frasquinhos de amostras os seus cheiros: o das rãs que coaxam, a erva sempre lavada, tapete verde e escorregadio, trampolim para um mergulho descuidado, os jogos enlameados… Também não aquele que se aspira sofregamente nos precisos instantes em que o rebentamento trovejante da onda embate nos rochedos ou o que se solta da espuma que beija, já repousado, a areia, companheira inseparável de um mar, cujo cheiro a maresia, nos vicia levando-nos a tomá-lo como eterno enamorado…


Ah, a piscina! Houve tempos em que esbracejei nas águas desinfetadas, inspirando aquele cheiro irritante, vingando-me no desafio que a mim me impunha: diminuir o tempo de travessia, aumentando o ritmo da braçada, contando mentalmente o seu número, criando um falso público de aplauso de conveniência.
Bravo, bravo! Bis, bis! Estava num palco de água, atores, figurantes, público, jogavam o perigoso jogo de personagens irreais. Disformes. Os magros pareciam gordos. Os gordos, manchas incaracterísticas. Teatro grego, no seu limite…
E o ritmo aumentava. Batuques sem pessoas e instrumentos. Uma mente apenas alienada.
Cansei-me. Desisti. Deixei as águas saudosas de mentes libertárias.
Um dia talvez volte…

Odete Ferreira --16 -12-2012

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Ligados à Terra - A VER ou REVER...

Tinha de ficar no blogue esta partilha. O meu filhote foi o realizador. Transcrevo do seu mural:

Podem ver ou rever o programa que fiz na Academia RTP, agora na RTP2!!! Não percam!!!
Ligados à Terra está de volta! Podem ver ou rever, de 2ª a 5ª, pela 1h, na


Pois, estou contente porque o senti entusiasmado, ufano e vivo!!!

(Para muitos não é novidade, mas fica registado: toda a programação da RTP2 vai passar para o Porto. Outras coisas vão para Lisboa. Apesar de não ser uma ótima notícia, sempre é melhor do que o anunciado encerramento do canal...)

Odete Ferreira

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O primeiro...



O primeiro café de 2013, amavelmente oferecido como sorriso utópico, símbolo de sorrires que gostariam de ginasticar a toda a hora, mantendo a linha sem necessidade de um ginásio ou de um personal trainer.
Sorrio com o escrito que vai fluindo como se outrem mo ditasse e os dedos obedecessem. Não, não acredito nessa história de escrita autómata. Sou eu na minha discorrência mental que vai unindo ideias ainda mal despertas. Não pela festa que não houve, mas porque apenas sei que o calendário marca 1 de janeiro de 2013 e, tal como o café, este primeiro escrito está inquinado de um sabor, um sabor nostálgico.
Tem de ter um sabor, a nostalgia, não apenas um sentir. A cor adivinhamo-la, tanto que a podemos pespegar numa tela, representando-a conforme a época artística, classicismo, impressionismo, expressionismo…Não, teria de ser dadaísta para ser mais impressiva. Agora o sabor!
Não se prova, desnutre, seca olhar. Faz mal, submete-nos à cegueira. As cores vivas empalidecem e tudo fica cinza. É incêndio que tudo reduz à terra queimada, O vento encarrega-se de depositar a cinza nos espaços e nas pessoas como marcas indeléveis. O fumegar, o choro silencioso que se vai erguendo ao céu, em prece desconexa, aturdida…
Tudo seco, nostalgicamente escrevendo; pouco a pouco, desligo-me. As pessoas preenchem o vazio das mesas, arrastando ruidosamente, as cadeiras. Fazem-se notar. Ajeitam-se como se se preparassem para uma nova festividade. Escolhem o alimento que as vai saciar.
E eu, num remate feliz, pontapeio a nostalgia para um qualquer lugar. Formulo um desejo: que se dissolva em nuvens azuis. Se apanhar uma daquelas nuvens cinzentas voltará à terra em dias de chuva. Bastará um olhar mais baço e o vírus alojar-se-á na na seiva que nos alimenta… Ação preventiva: inventar, antes de acordar, cores para cada sonho a realizar em cada dia…
Odete Ferreira, 01-01-13