quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Entardece o tempo, meu amor

Obra de Richard S. Johnson

Entardece o tempo, meu amor,
na espera das rosas
a crescer no corpo do desejo
ou dos cravos a fervilhar a paixão.
Nos olhos cravejados de emoção
que a alma verte,
deixando minúsculas pocinhas
na pele ardente,
sinto especialmente
a erosão das horas,
o vazio do espaço
quando me faço ao caminho.
E ranjo os dentes ao tempo
que nos entardeceu.

As rosas esmagadas se deixaram
no abraço desejado, premente.
Mas os espinhos dilaceraram
a boca do silêncio para sempre.

De novo, pacientemente,
semeaste outras rosas
de uma espécie diferente,
despertando o silêncio.
E a boca, quebrado o feitiço,
murmura incessantemente,
gatinhando escarpas,
alcançando as dunas,
apressa-te, meu amor,
antes que a brisa nos entardeça.

OF- 31-07-14

domingo, 10 de agosto de 2014

Por onde tens andado, EU?

Por vezes reparo no histórico das postagens. Inicialmente, deixava mais partilhas. Tantos momentos que foram eternizados neste espaço! Não diminuiu o ritmo da escrita, tampouco as minhas vivências se tornaram insignificantes.
A verdade é que passei a estar mais ocupada na leitura de escritos, quer em blogues, quer em sites de poesia, como ainda em grupos poéticos na rede social do FB, onde, também, vou alimentando duas páginas. Mas estão magras, coitadas! Consequentemente, a quantidade de postagens no blogue ressente-se. E confesso: frequentemente, tenho dificuldade em escolher o que partilhar…
Este preâmbulo foi apenas um aperitivo para o menu de que vos quero falar, de cariz mais pessoal. Continuei a estar presente em eventos literários (mais espaçadamente nos últimos tempos, pelos motivos que conhecem) a participar em algumas Antologias (prosa e poesia), a estar presente em muitos lançamentos de livros, atividade que deixo registada na página do FB, afim de não sobrecarregar o blogue.
Repescando o título, tive, desta vez, vontade de partilhar convosco alguns momentos, ocorridos recentemente, dos quais vos deixo um apontamento fotográfico.


Amigo desde sempre (Albano Viseu), colega de excelência, no trato e profissionalmente, aceitei, de imediato, o repto para falar do autor e obra publicada, aquando do lançamento da obra “A Simbologia das Palavras” -  os sentidos implícitos nas canções de Zeca Afonso.

Encantado momento literário, abrilhantado pela atuação de colegas cantando algumas das canções alvo de análise na obra. Os presentes pediram bis, no final, acrescentando as suas vozes à canção “Venham mais cinco”.
Uns dias mais tarde, sem falsa modéstia (defeito de que não quero enfermar), soube-me bem, mas mesmo muito bem, o almoço/homenagem com que os colegas do departamento de Línguas e Ciências Humanas e Sociais me presentearam.
 
Emocionei-me? Mais do que isso! Rolaram umas lágrimas cristalinas. Valeu-me não ter posto rímel. Discursei? Não! Falei apenas, nem sei de quê! Orgulho foi ver e sentir que, junto de tantos intervenientes educativos, fui e continuarei a ser uma referência.
Este e tantos outros momentos de reencontro conferem sentido à nossa vida terrena. Pouco a pouco, vou-me desfazendo de dossiês pessoais. Sem qualquer constrangimento. Contudo, se tento fazer o mesmo com os dos alunos, ainda não sou capaz de os enviar para a reciclagem. Até quando? Não sei…
Odete Ferreira – 16-07-2014

(Concluídas as obras, reorganizada a casa, é tempo de passar para o Word o que rabisco no bloquinho e de retomar as visitas aos vossos espaços. Ainda não será com a celeridade que gostaria. O calor amolece e, de manhã, tenho de apanhar uma horita de sol, num resguardado recanto do jardim. Recomendação médica e eu cumpro de bom grado.)