Obra de Oleg Oprisco
Quiseste pôr-me à prova
entre os apeadeiros da longa viagem
e a espera da saída e entrada dos passageiros.
Estranhamente só eu me dava conta.
Nos lugares vazios deixavam a sua presença.
Buscava-a quando vacilava
e sempre que o interrogatório,
ondas insaciáveis de respostas,
me deserdava de raciocínio.
Tão fortes estas presenças!
Espíritos vivos, vozes de murmúrios,
rostos de rua ou de lua cheia,
gestos pantomineiros,
comédia de costumes,
gargalhadas a ecoar entre montes
ou lágrimas a encher paraísos perdidos.
Como lapas nas rochas,
apesar das águas iradas,
sabiam do seu destino
e persistiam em guiar o barco.
Era tão real o fogo-de-santelmo
iluminando o caminho!
Florido. Encantado.
E percebi.
Cada presença é minha pertença.
Cada momento é parte e todo.
De mim…
OF – 31-01-16